“Oi, eu sou Sabrina, eu fiquei presa um ano e quatro meses e perdi minhas filhas pro Conselho Tutelar. Elas foram abrigadas na Casa Novella. Lá no presídio eu era a única presa que recebia visitas dos filhos, duas filhas abrigadas no caso. E pra mim a visita das minhas filhas parecia que me tirava daquele lugar. Eu, simples como sou e recebendo tudo isso! 

Eu  via elas chegando  porquê na  maioria das vezes eu estava no pátio. Mas a primeira visita eu lembro, eu estava dentro da cela, aí eles me chamaram, falaram que era atendimento, e quando eu cheguei lá eram as minhas filhas que estavam lá. Antes  disso  eu nem saía pro banho de sol porquê eu não tinha nada pra fazer lá, mas depois deste acontecimento  eu comecei a sair pra todos os banho de sol, esperando elas virem. Sendo assim, todas as vezes que elas vinham, que era uma vez por mês, eu estava lá no banho de sol.

Lá no presídio que eu fiquei, no José Abranches, da quadra dá pra você ver a entrada da cadeia, então eu via elas de longe e começava a gritar de alegria  e elas passavam rindo, não estavam  entendendo o que estava  acontecendo, passavam rindo e dando tchau, todas as presidiárias também  gritavam e  brincavam com elas, mesmo que de longe, porquê querendo ou não, era uma coisa diferente pra caramba, minhas filhas abrigadas e mesmo assim eu recebia a visita delas. Por que não acontece isso nos presídios para todo mundo?  É muito difícil acontecer, mas comigo foi realidade.

O pessoal da Casa Novella me ajudou muito, foram muito importantes na minha vida, eu acho que se eu não tivesse recebido a visita das minhas meninas no presídio, eu acho que eu não tinha aguentado passar pelo o que eu passei pois, é difícil demais a vida de quem está preso, a população carcerária hoje em dia é muito grande, as celas são muito cheias e o tratamento aos presos  é muito ruim, comida ruim, banho frio, até que  no José Abranches não, mas nos outros presídios que eu passei era. Então o pessoal da Casa Novella me ajudou muito, o que eles fizeram por mim, acho que nenhum outro abrigo que elas, minhas meninas, tivessem ia fazer.

Hoje elas estão comigo, as duas. Com muita luta eu consegui pegar as duas, na verdade, com muita luta eu consegui minha  Larissa e minha Letícia”.

Sabrina